Reabilitação Física,
Cognitiva e Psicológica

Hipnose

A palavra hipnose introduzida no século passado por James Braid, provém do grego hypnos que na mitologia helênica significa Deus do sono. Os estados hipnóticos não são obrigatoriamente tranquilos e semelhantes ao sono, mas é um estado alterado de consciência que envolve atenção focada e consciência periférica reduzida, caracterizado por uma maior capacidade de resposta à sugestão feita pelo hipnotizador (Siberfarb, 2011).

Hipnose é um processo no qual uma pessoa está no lugar do hipnotizador usando sugestões para outra pessoa que através de experiências imaginativas provocam alterações na percepção, memória e ação.

A Hipnose é um estado de profundo relaxamento e alta concentração no qual o indivíduo permanece mais suscetível às sugestões do hipnólogo. As sugestões são realizadas de forma direta, com frases consistentes ou por meio de metáforas que permitem a reflexão e a ressignificação de comportamentos, emoções e pensamentos (Nash, 2012).

Este meio terapêutico só acontece pela aceitação e interação da pessoa hipnotizada que está em transe e deseja experimentar aquilo que se pede. É possível quando existe a empatia e confiança entre hipnotizado hipnotizador.



“O sujeito hipnotizado é protegido pelo seu inconsciente e ele não vai fazer nada que vá contra os seus princípios éticos e morais.”
(Siberfarb, 2011)

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Quando se fala sobre hipnose é comum as pessoas terem algum nível de preconceito ou achar que é algo místico, mágico, sobrenatural, mas a hipnose é mais comum do que se imagina. Manifestações de hipnose acontecem no nosso dia a dia, por exemplo, quando assistimos a um filme que estamos totalmente focados nas cenas é possível que a gente sinta emoções e experiências físicas como mudança de frequência cardíaca, sudorese nas mãos, redução do ritmo respiratório a partir das sugestões visuais ou verbais que estamos assistindo.

Hipnose é tão natural como respirar. As pessoas ficam em estado hipnótico quando estão apaixonadas, quando assistem TV, quando estão na internet, nos smartphones. Respondemos às situações baseadas nas nossas experiências passadas na nossa imaginação e no conteúdo das próprias cenas e este é um estado hipnótico.

Ao longo da nossa vida vamos acumulando muitas informações e experiências com conteúdos emocionais no nosso subconsciente e algumas dessas experiências com conteúdo emocional traumático para o nosso consciente são mantidas escondidas no subconsciente pelo nosso senso crítico que é consciente, mas mesmo estando no subconsciente pode causar problemas na vida consciente.

A hipnose pode trazer à mente consciente essas memórias para que o conteúdo emocional ligado a ela seja trabalhado e ressignificado através da base fundamental da comunicação hipnótica que é a sugestão e pode ser feita de várias maneiras (Ferreira, 2012).

Alguns aspectos que influenciam na eficácia de um procedimento hipnótico são as expectativas e motivações e atitudes do paciente, a obediência ou anuência do paciente ao hipnólogo, a capacidade imaginativa do paciente, a sua propensão para fantasia, propensão para amnésia, confiança no hipnólogo, capacidade de manter o foco no hipnólogo e comprometimento do paciente com o processo.

O modelo da mente de Gerald Kein propõe que ela seja dividida em três níveis: a mente consciente onde tem a memória de curto prazo, a mente subconsciente onde está a memória de longo prazo e o inconsciente responsável pelo sistema nervoso autônomo e o sistema imunológico (Sales, 2018).

A mente consciente é onde vivemos a maior parte do nosso tempo e ela tem três componentes: racionalização, pensamento analítico, memória funcional e força de vontade (Lee, 2018).

O fator analítico da mente consciente ajuda a tomar decisões. A racionalização é a busca de um motivo para tudo que a gente faz. A força de vontade serve para dar aquele empurrão para começar as coisas, serve como uma bateria que desgasta quanto maior o esforço para fazer algo (Lee, 2018).

A memória funcional guarda as informações que a gente precisa do dia a dia, é a memória de curto prazo, guarda informações de forma temporária e serão apagadas se não usadas com o passar de curto período de tempo (Sales, 2018).

A mente consciente é muito lógica, muito analítica e frequentemente comete distorções da realidade e por isso é tão difícil mudar comportamentos de forma consciente (Sales, 2018).

A mente subconsciente tem cinco componentes: memória de longo prazo, emoções, hábitos, autopreservação e a ociosidade (Lee, 2018).

Todas as experiências que você já viveu ficam nessa memória de longo prazo e ficam no subconsciente, assim como as emoções e tudo que fazemos vira um hábito e serve para nos poupar energia para fazer as coisas de forma automática para liberar a mente para fazer outras coisas (Sales, 2018).

Autopreservação é a nossa mente subconsciente tentando nos proteger de perigos, porém ela pode fazer interpretações erradas de situações que não são verdadeiramente perigosas (distorções cognitivas), mas que podem ser desconfortáveis (Sales, 2018).

A ociosidade é o subconsciente evitando mudanças e fazendo de tudo para manter as coisas do jeito que sempre foram porque demanda menos esforço, é a zona de conforto e por isso sugestões negativas são aceitas com tanta facilidade (Sales, 2018).

“A autopreservação pega as experiências vividas (memória de longo prazo) e suas emoções atreladas, geram hábitos para nos manter seguros de possíveis ameaças- e a ociosidade cuida para que isso não seja mudado. Se isso for mudado, nossa mente entende que nossa suposta estabilidade emocional será comprometida” (Sales, 2018).

terapia hipnose https://omnihypnosis.com.br/blog-filmes-de-hipnose/Tudo que está na mente subconsciente é real para você por isso para que uma mudança realmente aconteça ela deve estar inscrita na mente subconsciente. Mas a gente não todas as experiências entrando no nosso subconsciente porque existe uma barreira na mente consciente que se chama de fator crítico, que julga como certo ou errado e escolhe se aquela informação pode entrar ou não no nosso subconsciente. O fator crítico une as partes analítico e racional da mente consciente que filtram o que acontece ao nosso redor (Sales, 2018).

A hipnose é uma forma de ultrapassar esse fator crítico para que as sugestões feitas pelo hipnotizador possam entrar na mente subconsciente trazendo transformações reais do ponto de vista comportamental e emocional para o indivíduo (Sales, 2018).

Quando um indivíduo está hipnotizado, existe uma região do cérebro que tem sua atividade reduzida, sendo justamente aquela relacionada à percepção espacial e à que temos de nós mesmos, além de nossa memória episódica. Isso faz com que a pessoa hipnotizada se concentre de forma intensa em algo criado pela própria imaginação, ou que tenha sido sugerido pelo hipnólogo. Os hipnotizados perdem a capacidade de lembrar o que normalmente fariam em determinadas situações, enquanto que a habilidade de pensar em uma variedade de opções imaginárias aumenta (Ferreira, 2003).

Isso explica a razão pela qual as pessoas em estado hipnótico acabam apresentando um comportamento completamente diferente do normal, permanecendo calmos em situações nas quais se sentiriam aterrorizados, por exemplo (Ferreira, 2003).

“A hipnose é um elemento dentro de um processo terapêutico, é um facilitador. Traz um efeito na mudança de padrão neural e pode ser usada com técnicas de meditação e demais fenômenos que envolvem atenção.”
Paula A. B. Durán

A hipnose pode reprogramar a mente humana eliminando hábitos ruins, crenças limitantes, mudando pareamento de emoções com situações que geraram traumas e fobias por exemplo entre outras coisas que atrapalham a qualidade de vida do indivíduo.

Referências bibliográficas:

NASH, Michael R. . The Oxford Handbook of Hypnosis Oxford University Press. USA, 2012. Edição do Kindle.

SIBERFARB, B. . Hipnoterapia cognitiva. 2011. 1ª edição, Novos Temas editora.

FERREIRA, M. V.C. . Hipnose na prática clínica. São Paulo, 2003. Editora Atheneu.

LEE, P. . Hipnose: Descubra o poder da sua mente. São Paulo, 2018. Outro Planeta.

SALES, G. . O Modelo da mente de Gerald Kein. LinkedIn, 2018. Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/o-modelo-da-mente-de-gerald-kein-gustavo-sales/?originalSubdomain=pt. Acesso em: 31 de Março de 2023.

Sobre o Autor

Paula Alves Braga Durán
Mestre em Psicologia, especialista em TDAH , avaliação e reabilitação neuropsicológica e psicoterapia cognitiva-comportamental.
CFP 06/86246
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